15 setembro, 2023
O que é o Transtorno de Pânico:
O transtorno de pânico (TP) é a recorrência de sintomas intensos de ansiedade, que geram bastante medo e desconforto, e podem acontecer de repente, em qualquer local ou situação. Chamamos estas sensações corporais intensas de ataques de pânico (AP). Os APs são sensações como: falta de ar, aceleração dos batimentos cardíacos, sensações de calor ou frio, sufocamento, tontura, suor, perda de controle urinário, náuseas, dores na região do peito. Essas sensações geralmente vêm acompanhadas de algum medo em relação a estas sensações, como: morrer, ter um ataque cardíaco, perder o controle ou enlouquecer.
Por conta de todo este desconforto, surgem preocupações frequentes sobre ter um novo AP ou sobre as consequências de se ter um AP. Estas preocupações podem trazer prejuízos e limitações a quem vivencia essas sensações. É comum que as pessoas que têm AP frequentes comecem a evitar alguns lugares e situações, ou apenas se sintam seguras se estiverem acompanhadas. Tudo isso ocorre pelo medo de ter novos AP e precisarem de socorro. Isto é o que chamamos de agorafobia.
Se você foi diagnosticado com TP e/ou agorafobia, ou se identificou com o que foi descrito, note que algumas situações que podem ser ativadoras de AP e agorafobia são, por exemplo: estar só, realizar esforços excessivos, dirigir ou passar em túneis ou pontes, multidões, lugares altos, trens, aviões e elevadores. Repare que o medo e a evitação acabam por atrapalhar sua rotina. A tendência é que, a partir das evitações, ocorram restrições ocupacionais, sociais, familiares e prejuízos no bem-estar e na qualidade de vida.
A principal informação que você que sofre com TP precisa ter é que todas essas sensações que você experimenta no seu corpo,
apesar de serem realmente desconfortáveis, não são perigosas da forma como você talvez imagine.
As sensações de um AP fazem parte da ativação de um sistema de defesa do organismo para que possamos lidar com as adversidades. Cada sensação tem uma função específica que preza pela nossa sobrevivência. Este sistema é acionado em momentos de perigo e serve para nos alertar e nos proteger. Porém, quando ele fica “desregulado”, ele é ativado sem real necessidade (ou seja: um AP) e pode vir a trazer grande desconforto, o que, no entanto, não quer dizer que um perigo realmente exista. Ou seja, é apenas um alarme falso, mas esse alarme acaba por ativar todo o corpo. Da mesma forma que nosso corpo possui um alarme que nos prepara para a defesa e ativa tantas sensações, ele também tem um sistema de reparação que consegue nos autorregular, fazendo com que as sensações desconfortáveis desapareçam. Isto que dizer que sua ansiedade não pode e não vai crescer infinitamente!
Como os meus pensamentos influenciam no transtorno de pânico?
Sabe-se que a maneira como avaliamos, ou seja, pensamos sobre uma situação, influencia diretamente a maneira como nos sentimos, nos comportamos e como nosso corpo responde por meio de reações fisiológicas. Quando pensamos, nossa tendência é considerar cada pensamento como uma verdade absoluta. No entanto, não nos atentamos que, em alguns momentos, podemos nos enganar nas nossas avaliações sobre os acontecimentos. Se, por algum motivo, fazemos uma interpretação não realista ou inadequada das situações, ou até de nossas sensações, teremos reações emocionais, comportamentais e fisiológicas coerentes com esta interpretação. Ou seja, podemos sofrer sem ter uma real necessidade, ou exagerar o real desconforto que uma situação pode proporcionar;
Modelo Cognitivo do Transtorno do Pânico
No TP, a forma como você avalia as sensações corporais é fundamental para influenciar o nível de desconforto que sente. Verifique como você possui uma tendência ao direcionamento da atenção para as suas sensações, e que os pensamentos ou avaliações que costuma ter sobre elas são geralmente catastróficas! Ou seja, você tende a antecipar os piores desfechos possíveis em relação ao desconforto que sente (“Estou morrendo”, “Não vou aguentar”, “Estou enlouquecendo”, “Vou perder o controle”). Estas interpretações sobre perigo e vulnerabilidade costumam aumentar ainda mais a ansiedade, ou seja: as sensações temidas se mantêm intensas.
Ao interpretar estas sensações como uma prova de que você realmente está correndo algum risco, você acaba confirmando o perigo percebido de forma equivocada. Sabe-se que as coisas que as pessoas com TP temem não se concretizam, mas a ansiedade que sentem é tão intensa que acabam desconsiderando este dado de realidade sempre que voltam a experimentar ansiedade. Desta maneira, um ciclo de pensamentos catastróficos (distorcidos em relação à realidade) se mantém, juntamente com a manutenção das sensações, cronificando o problema.
Ciclo de Pensamentos Catastróficos no Transtorno do Pânico